Faixa 11: Antonio Dias

22 Sep 2021
Vista das obras de Antonio Dias na 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan /Fundação Bienal de São Paulo

Na última parada do meu percurso com você, vou falar das obras do Antonio Dias, que nasceu em 1944, em Campina Grande, na Paraíba, e faleceu em 2018 no Rio de Janeiro. 

Ainda muito jovem, na década de 1960, Antonio Dias se destacou na cena artística carioca. Sua obra desse período incorporava algum dos elementos da arte concreta, movimento surgido em São Paulo no início da década, mas fazia isso de maneira crítica, adicionando signos pop como formas voluptuosas pintadas de vermelho, ossos e silhuetas em preto e branco e ícones de explosões e armas, chegando a extrapolar o plano da pintura com elementos tridimensionais. 

As obras que vemos aqui foram pintadas por ele entre 1968 e 1972. Foi nesse período que os elementos figurativos e explícitos que caracterizavam sua produção foram reduzidos e condensados até que ele chegasse a uma obra radicalmente sintética. Essa produção consolidou a posição de Dias em um campo de crítica à própria arte como linguagem, sistema ideológico e área de investigação.

Das pinturas aqui presentes, vou falar mais sobre "Terror Square (panther-darkness)", pintada em 1968 com tinta acrílica sobre uma tela de oitenta e seis centímetros de altura por oitenta e seis centímetros de largura. 

O fundo da tela é completamente preto e todos os elementos que aparecem na obra são brancos. Na borda da tela há um quadrado branco feito com um fino traço, formando uma espécie de moldura. Acima dela, no canto superior esquerdo está escrito “Terror Square”, ou "terror quadrado", o nome da obra. No centro do quadro há outro quadrado feito com uma fina linha tracejada. Na linha de baixo desse quadrado tracejado, na parte interna dele está escrito “Panther”, ou "pantera", e na parte externa está escrito 'Darkness", ou "escuridão". As palavras encontradas na tela são escritas em letras do tipo que são usadas na imprensa, todas maiúsculas.

Essa pintura textual, assim como as outras aqui expostas, pode também ser lida como um luto estético pelo avanço de políticas repressivas no Brasil com o Ato Institucional número 5 decretado no final de 68. Em uma anotação, o próprio artista as definiu como exercícios de uma “arte negativa para um país negativo”.

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