Faixa 8: enunciado retratos de Frederick Douglass

22 Sep 2021
Vista dos retratos de Frederick Douglass na 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Subimos a rampa para o segundo pavimento e nos deparamos com uma parede enorme ocupada por 120 fotos, dispostas em 3 linhas. Todas as imagens são retratos de um mesmo homem: Frederick Douglass. 

Douglass nasceu em Maryland, nos Estados Unidos, em 1817 ou 1818, dependendo da fonte. Era filho de uma mãe negra escravizada e de um pai, provavelmente branco, que nunca o reconheceu. Ultrapassou inúmeros obstáculos para aprender a ler e a escrever. Era um homem escravizado que, em 1838, por volta de seus vinte anos, conseguiu fugir para Nova York, onde a prática da escravidão havia sido abolida onze anos antes, mas a sensação de insegurança fez com que logo se mudasse para Massachusetts, onde adotou o sobrenome Douglass.

Ele foi editor, orador, palestrante, escritor, diplomata e articulista político. Foi autor de três biografias e, acima de tudo, ativista em prol da abolição do regime escravagista, tornando-se uma das figuras mais reconhecidas e admiradas nessa luta.

Em seus textos, Douglass reflete de modo crítico sobre o poder social da fotografia, e os cerca de 160 retratos existentes do escritor mostram como ele contrariava conscientemente os estereótipos que definiam a percepção coletiva do que significava ser negro nos Estados Unidos durante as décadas de conflito pela abolição da escravatura naquele país. São em sua imensa maioria retratos dele sozinho, sentado, em pé, de perfil ou de frente, sempre um elegante homem negro vestido com esmero e numa pose solene. 

Aqui estão expostas 120 fotos de 60 por 40 centímetros cada, impressas em papel fine art, adesivadas em chassi de madeira e emolduradas em moldura poster caixa com bordas pretas. 

Na primeira foto está um jovem Douglass, sem barba nem bigode, com uma expressão séria, olhar penetrante, os cabelos pretos um pouco armados e penteados para trás. Ele veste uma camisa branca de gola alta, uma gravata preta, e casaca também preta. Conforme as fotos avançam no tempo, ele adquire bigode e cavanhaque. O cavanhaque some às vezes, ficando apenas o bigode, que o acompanha em praticamente todos os retratos. Percebemos seu envelhecimento em seus cabelos que vão ficando um pouco mais compridos e grisalhos, e em sua pele, que vai adquirindo as marcas do tempo.

Douglass foi o homem estadunidense mais fotografado do século 19 e seus retratos foram uma maneira de propagar suas ideias abolicionistas. O primeiro deles foi realizado em 1841, e seu corpo foi fotografado pela última vez logo após sua morte,  em 1895, quando já era mundialmente considerado um dos homens mais importantes na história dos Estados Unidos.

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