Faixa 7: Carmela Gross

22 Sep 2021
Vista das obras de Carmela Gross na 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan /Fundação Bienal de São Paulo

Oi! Eu sou a Adriana Couto e vou te acompanhar pelas próximas 5 faixas deste audioguia inclusivo da 34ª Bienal de São Paulo!. 

Vamos continuar no 1º pavimento da Bienal, onde vemos o conjunto de obras “A Carga”, “Barril” e “Presunto”, de Carmela Gross, artista paulistana nascida em 1946. 

Não é a primeira vez que essas obras são expostas em uma Bienal de São Paulo. Elas foram mostradas pela primeira vez em 1969, na 10ª Bienal, uma edição que ficou conhecida como "A Bienal do Boicote", porque muitos artistas se recusaram a participar como forma de protesto à ditadura militar. Gross escolheu participar com obras que remetiam ao que se via nas ruas em um período de austeridade econômica, dando visibilidade a aspectos que o governo militar tentava mascarar. 

Ao exibi-las novamente agora, os curadores nos convidam a refletir sobre quais significados essas obras tinham à época e que talvez não façam mais sentido atualmente, bem como que novas leituras essas obras podem ter nos dias de hoje. 

“A Carga” é uma estrutura de madeira, de três por quatro metros de dimensão e três metros de altura, coberta por um tipo de lona que se usa com frequência na cobertura de cargas de caminhão. Parte da lona é de cor alaranjada e a outra parte é verde escura.  Ao recobrir a estrutura, a lona forma uma espécie de tenda ou abrigo.

 “Barril” é um barril de ferro de tom escuro, redondo, com um metro e trinta centímetros de altura por 60 centímetros de diâmetro. Está semicoberto por um plástico cristal volumoso e com muitas marcas por estar todo amassado.

“Presunto” é uma peça arredondada produzida com a mesma lona alaranjada de “A Carga”, costurada e preenchida com isopor. Ela tem dois metros e oitenta de largura por dois metros de profundidade, com 50 centímetros de altura e se parece com um colchão. 

Essas peças causam impacto pela rusticidade e por como se relacionam profundamente com a vida urbana do Brasil no século passado. Uma tenda que não se sabe o que cobre, um barril que era comumente usado para abrigar fogo e sinalizar obras, o presunto que era um tipo de cama ou colchão usado por pessoas em situação de rua. ite ao 

Gross se utiliza dessas referências urbanas para falar de um Brasil encoberto por uma ditadura militar que durou mais de 20 anos. Quais novos sentidos essas obras adquirem ao serem exibidas hoje?

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