Retrospectiva reúne cerca de 180 obras de Regina Silveira (1939, Porto Alegre, RS), uma das mais importantes artistas brasileiras de sua geração, reconhecida internacionalmente por sua trajetória como artista, pesquisadora e professora.
Em 2019 o Museu de Arte Contemporânea da USP recebeu a doação de 42 obras de Regina Silveira, em parceria com a Luciana Brito Galeria, complementando o conjunto significativo de obras da artista que o Museu já possuía em seu acervo. Para marcar essa importante doação, o Museu apresenta a partir de 28 de agosto a exposição Regina Silveira: Outros Paradoxos. Segundo as curadoras Ana Magalhães e Helouise Costa, o título da mostra remete ao Paradoxo do Santo, obra incorporada ao acervo do museu em 1994, mas também, e principalmente, "à inquietação característica da atitude questionadora da artista diante da vida e da arte". Entre as 180 obras apresentadas estão gravuras produzidas ainda na década de 1960, experimentações com apropriações e imagens e videoarte dos anos 1970, propostas de intervenções urbanas e algumas de suas instalações mais recentes.
A exposição chama a atenção para certos aspectos da produção de Regina Silveira, como a dimensão política marcante em suas obras. "Seu modo de problematizar a realidade à sua volta não passa pela abordagem de assuntos explicitamente políticos, ou pelo uso de imagens panfletárias. Ela trabalha nas entrelinhas, em aspectos aparentemente banais, mas reveladores das tensões e contradições sociais", apontam as curadoras. A questão de gênero também merece atenção, pois Regina Silveira tem sido capaz de romper com as barreiras do reconhecimento artístico que costuma privilegiar os artistas homens de sua geração. As curadoras enfatizam que "ao realizar obras de grandes dimensões destinadas ao espaço público, ela dá visibilidade à presença feminina na arte por meio de sua capacidade de projetar e mobilizar o circuito da arte, no Brasil e no exterior, para a execução de suas propostas".
A retrospectiva permite ainda notar como Regina Silveira atualiza técnicas e materiais ao longo de sua trajetória, desde a experimentação com o uso de novas mídias na década de 1970 até os recentes processos digitais. Além disso, a exposição apresenta esboços dos projetos, estudos de algumas obras, maquetes, vitrines com documentos e vídeos informativos.
Esta retrospectiva integra a rede de expansão da 34ª Bienal de São Paulo, uma parceria do MAC USP com a Fundação Bienal de São Paulo, e reinaugura o anexo expositivo do museu que passou por uma reforma de readequação de seu piso em 2018-2019. Ideal para projetos site specific, instalações e obras de grande porte, o espaço está voltado para a experimentação artística. Reinaugurá-lo com Regina Silveira é reafirmar este caráter, próprio de um museu universitário público.
Curadoria: Ana Magalhães e Helouise Costa
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Serviço Regina Silveira: Outros Paradoxos
período: 28 de agosto de 2021 a 3 de julho de 2022
horário de funcionamento:terça a domingo das 10 às 19 horas (necessário agendamento)
contato: 11 2648.0254
Entrada: gratuita
Para agendamento gratuito: sympla.com.br/visitamacusp
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Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
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Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).