A prática de Tamara Henderson (1982, Sackville, Canadá) cobre uma ampla variedade de meios, tais como performance, pintura, poesia, cinema, têxteis, escultura e instalação, na qual podem confluir também objetos encontrados. Seu trabalho tem frequentemente como ponto de partida uma investigação em processo sobre diferentes estados de consciência. Embora as notas, observações, padrões ou ideias que convergem no trabalho possam ser derivadas do que ela vê no cotidiano, Henderson logo as elabora para compor uma espécie de mitologia onírica, que ela torna ainda mais complexa através de diferentes filtros de percepção. Um aspecto-chave de seu trabalho é, portanto, o poder transformador que é gerado pelo fluxo de energia que conecta o consciente e o inconsciente.
Algumas de suas obras beiram o engraçado, outras, o abertamente enigmático ou indecifrável, subvertendo as fronteiras entre o interior e o exterior, tanto em seu próprio corpo quanto nos dos visitantes. Apesar da figura humana não ser diretamente representada na maioria de suas obras, o trabalho de Henderson oferece uma possibilidade de se reconectar com o corpo, ou melhor, com a própria ideia do que um corpo é, deve ou pode ser. Os objetos substituem as figuras humanas e, ao longo de jornadas narrativas, oníricas ou meditativas, tornam-se personagens: ao costurar pupilas dilatadas em um conjunto de cortinas, por exemplo, a artista as transforma em testemunhas oculares ou observadores. Em outras séries de trabalhos, Henderson cria cenas animistas e alucinatórias, revisitando uma ampla gama de técnicas emprestadas dos primeiros anos do cinema ou da vanguarda do teatro e da performance.
Apoio: Canada Council for the Arts
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Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
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Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).