Silke Otto-Knapp

Vista da obra [view of the artwork] <i>Stack</i> [Pilha] (2020), de [by] Silke Otto-Knapp, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo.  © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obra [view of the artwork] Stack [Pilha] (2020), de [by] Silke Otto-Knapp, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obra [view of the artwork]  <i>Screen (Forest)</i> [Tela (Floresta)] (2020), de [by] Silke Otto-Knapp, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo.  © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obra [view of the artwork] Screen (Forest) [Tela (Floresta)] (2020), de [by] Silke Otto-Knapp, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obra [view of the artwork] <i>Clouds</i> [Nuvens] (2021), de [by] Silke Otto-Knapp, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo.  © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obra [view of the artwork] Clouds [Nuvens] (2021), de [by] Silke Otto-Knapp, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

O trabalho de Silke Otto-Knapp (1970, Osnabrück, Alemanha – 2022, Passadena, EUA), artista radicada em Los Angeles (EUA), é influenciado por imagens e conceitos do campo da dança, do teatro e da performance ao longo do século 20. Com obras de médio e grande formato, que funcionam de forma autônoma e em conjuntos semi-arquitetônicos, Silke Otto-Knapp inspira-se na tradição histórica do design cenográfico e da criação de painéis pintados. Em suas pinturas, ela alterna fundos de paisagens naturais e idealistas com cenas interiores sutis e misteriosas, nas quais figuras em movimento nos remetem a passagens recentes da história da dança moderna e contemporânea. Por vezes, suas obras tomam como referência trabalhos de outros artistas, sobretudo mulheres: da bailarina americana Anna Halprin à pintora e cenógrafa russa Natalia Goncharova, ambas figuras-chave na mudança de paradigma da dança e da arte modernas, respectivamente.

Otto-Knapp desenvolveu uma linguagem pictórica particular. Ela inicialmente transfere seus desenhos para a tela, elaborando as formas com camadas de pigmento aquarela preto, que depois pulveriza com água. À medida que a tinta se dissolve, Otto-Knapp limpa a superfície para que a cor seja drenada em certas áreas e se fixe em outras, à medida que seca. A artista cria cores lisas e transparentes, nas quais as diferentes camadas e a sutileza dos contrastes configuram imagens de contornos nebulosos e atmosféricos. Essa dupla possibilidade de permanência e instabilidade combina-se ainda com sua predileção pelo tema das situações de ensaio, recriando o momento antes do espetáculo, antes de que a ação aconteça, em um estado de movimento e espera.

Para a Bienal de São Paulo, Silke Otto-Knapp realizou uma série de pinturas de grande e médio formato que constituem uma espécie de cenário, tanto por seu objeto de estudo, como pela composição formal dos trabalhos no pavilhão. Continuando sua investigação sobre o espaço cênico, os temas eleitos deambulam desde performers em movimento até os fundos pintados nas grandes telas. A ideia do ensaio contínuo contém o movimento suspenso em cada uma das cenas. O fluxo orgânico do movimento, a gravidade e o peso desenham as entidades coletivas da dance troupe ou as árvores pintadas de um bosque. Um movimento orgânico e colaborativo que flui sem pausa. 

As pinturas descansam sobre painéis ou funcionam como biombos e estruturas autônomas. O movimento não acontece apenas na ação do sujeito coreográfico e/ou teatral, mas na própria deambulação do público. Em um segundo plano, as paisagens pintadas em escala humana nos mostram uma natureza artificial que contrasta com a vegetação que circunda o pavilhão no Parque Ibirapuera, criando um cenário duplo.



Apoio: ifa (Institut für Auslandsbeziehungen)

  1. Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
  2. Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
Compartilhe
a- a a+