Hsu Che-Yu

Vista da instalação  [view of the installation] <i>Single Copy 副本人</i> [Cópia única] (2019), de [by] Hsu Che-Yu, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da instalação [view of the installation] Single Copy 副本人 [Cópia única] (2019), de [by] Hsu Che-Yu, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da instalação  [view of the installation] <i>Single Copy 副本人</i> [Cópia única] (2019), de [by] Hsu Che-Yu, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
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Vista da instalação  [view of the installation] <i>Single Copy 副本人</i> [Cópia única] (2019), de [by] Hsu Che-Yu, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da instalação [view of the installation] Single Copy 副本人 [Cópia única] (2019), de [by] Hsu Che-Yu, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da instalação  [view of the installation] <i>Single Copy 副本人</i> [Cópia única] (2019), de [by] Hsu Che-Yu, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da instalação [view of the installation] Single Copy 副本人 [Cópia única] (2019), de [by] Hsu Che-Yu, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Hsu Che-Yu (1985, Taipei, Taiwan) elabora modos de acessar memórias individuais, familiares e coletivas. Para isso, utiliza recursos que vão desde depoimentos e reencenações até a construção de simulacros de documentos para o que, de outra forma, existiria apenas como reminiscência. Muitas vezes, ele conduz o possuidor de uma lembrança de volta ao lugar em que o acontecimento original teria acontecido, ou então envolve essa pessoa em alguma forma de simulação de uma situação passada. Frequentemente ele elabora – ou pede que um colaborador escreva – um texto ensaístico sobre apontamentos que o espectador nunca saberá se são ficcionais ou não, e em que medida. Recorre também a recursos de animação digital e renderização tridimensional, assim como combina procedimentos forenses usados pela polícia com recursos jornalísticos de composição de imagens narrativas para noticiar crimes. Em todos os casos, Hsu Che-Yu evita disfarçar os artifícios que emprega, preferindo assumi-los como forma e conteúdo de cada obra.

 Sua investigação recorrente da memória vai além de demonstrar o quão artificiais são os esforços para representá-la no campo da arte. O que fica claro em sua produção é o fato de que, na verdade, a própria memória é tênue e moldável, necessitando de próteses, recipientes e empréstimos para corporificar-se de modo mais ou menos estável. Em diversas obras, Hsu Che-Yu refere-se à tradição taiwanesa de retratos memoriais feitos após o falecimento de um parente. São retratos pintados de corpo inteiro, em geral com a figura homenageada sentada em uma poltrona colocada no centro de um ambiente decorado, em que apenas o rosto do personagem resulta de uma fotografia colada em uma imagem pintada. O que fascina o artista é que, uma vez que essas pinturas são serializadas por lojas especializadas, muitas famílias têm memoriais de seus entes queridos corporificados pela mesma imagem, na qual varia apenas a fisionomia.

Single Copy [Cópia única] (2019) é um vídeo ensaístico que perscruta as memórias de Chang Chung-I, que nasceu imbricado ao seu irmão siamês Chang Chung-jen, em Taiwan, em 1979, durante a vigência da lei marcial que mantinha a região sob rígido controle e numa frágil e tensa autonomia em relação à República Popular da China. A separação desses irmãos foi televisionada para toda Taiwan, e interpretada como uma metáfora da separação geopolítica de uma nação. Antes da cirurgia, os médicos tentaram tirar um molde em silicone de seus corpos unidos, mas foi impossível, porque os bebês não ficavam parados. Che-Yu trabalhou com Chang Chung-I – que se tornou ator e cresceu como uma celebridade – procurando recontar sua vida, ao mesmo tempo em que produz um modelo tridimensional por fotogrametria e um molde em fibra de vidro de seu corpo. Essa obra é uma cooperação com seu amigo de longa data e colaborador, o roteirista Chen Wan-Yin.

  1. Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
  2. Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
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