Haris Epaminonda

Vista da série de filmes super-8 [view of the digitised super 8 film] <i>Chronicles</i> [Crônicas] (2010), de [by] Haris Epaminonda, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da série de filmes super-8 [view of the digitised super 8 film] Chronicles [Crônicas] (2010), de [by] Haris Epaminonda, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da série de filmes super-8 [view of the digitised super 8 film] <i>Chronicles</i> [Crônicas] (2010), de [by] Haris Epaminonda, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da série de filmes super-8 [view of the digitised super 8 film] Chronicles [Crônicas] (2010), de [by] Haris Epaminonda, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da série de filmes super-8 [view of the digitised super 8 film] <i>Chronicles</i> [Crônicas] (2010), de [by] Haris Epaminonda, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da série de filmes super-8 [view of the digitised super 8 film] Chronicles [Crônicas] (2010), de [by] Haris Epaminonda, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da série de filmes super-8 [view of the digitised super 8 film] <i>Chronicles</i> [Crônicas] (2010), de [by] Haris Epaminonda, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da série de filmes super-8 [view of the digitised super 8 film] Chronicles [Crônicas] (2010), de [by] Haris Epaminonda, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da série de fotografias [view of the photographic series] <i>Grids</i> [Grades] (2021), de [by] Haris Epaminonda, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. Comissionada pela Fundação Bienal de São Paulo para a 34ª Bienal [commissioned by Fundação Bienal de São Paulo for the 34th Bienal]. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da série de fotografias [view of the photographic series] Grids [Grades] (2021), de [by] Haris Epaminonda, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. Comissionada pela Fundação Bienal de São Paulo para a 34ª Bienal [commissioned by Fundação Bienal de São Paulo for the 34th Bienal]. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da série de fotografias [view of the photographic series] <i>Grids</i> [Grades] (2021), de [by] Haris Epaminonda, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. Comissionada pela Fundação Bienal de São Paulo para a 34ª Bienal [commissioned by Fundação Bienal de São Paulo for the 34th Bienal]. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da série de fotografias [view of the photographic series] Grids [Grades] (2021), de [by] Haris Epaminonda, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. Comissionada pela Fundação Bienal de São Paulo para a 34ª Bienal [commissioned by Fundação Bienal de São Paulo for the 34th Bienal]. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

A obra de alguns artistas possui um tom próprio, único, que as torna imediatamente reconhecíveis. No caso de Haris Epaminonda (1980, Nicosia, Chipre), esse tom caracteriza suas colagens, seus vídeos e filmes, os livros de artista e ainda os elementos que confluem em suas instalações, sempre cuidadosamente organizadas. Nelas, aparecem com certa frequência objetos simples e de beleza atemporal, como vasos e tigelas, e esculturas de uma leveza que as torna quase etéreas. Esses elementos são dispostos sobre, perto ou atrás de bases, num equilíbrio extremamente consciente de si mesmo, de onde nada poderia ser retirado sem alterar profundamente o sentido do todo. 

Tudo é importante no trabalho de Epaminonda, inclusive ou principalmente os espaços, os vazios, os restos: “Considero o espaço expositivo como parte do trabalho – não só as áreas ocupadas, mas também os espaços vazios, o ritmo, as distâncias”, ela diz. É especialmente relevante, nesse sentido, que várias de suas séries de trabalhos sejam construídas exatamente a partir de sobras, como os vídeos produzidos no começo da carreira com pequenos trechos de filmes ou seriados televisivos das décadas de 1950 e 1960, descartados em fase de montagem, garimpados pela artista nos arquivos das emissoras e reutilizados, em velocidade reduzida e com trilhas musicais preexistentes. Também em suas fotografias Polaroid, enfocando detalhes de imagens de livros e revistas antigas, a artista destaca gestos e objetos que na foto original poderiam parecer insignificantes, mas que se tornam fragmentos de uma narrativa fascinante e misteriosa. E algo parecido acontece na série de páginas de antigos livros de arte emolduradas, em que aparecem apenas as legendas ou descrições de pinturas ou esculturas reproduzidas em outras páginas do livro, que a artista não inclui em sua obra. 

É nessa capacidade de deslocar o olhar do observador, de levá-lo a enxergar o que parecia, até então, irrelevante, que pode ser identificada uma qualidade distintiva do trabalho de Epaminonda. Os breves filmes que compõem a série Chronicles [Crônicas], filmados em lugares distintos ao longo de vários anos, podem ser vistos como um índice, programaticamente disperso e contudo coerente, de narrativas possíveis, suspensas: os números de página de um livro, pequenas esculturas antigas contra fundos coloridos, os galhos de uma árvore que se movem ao vento, deixando passar por vezes a luz do sol, uma palmeira solitária contra o céu azul... Guiada por sua intuição, Epaminonda coloca esses trabalhos em relação, identificando e tornando quase tangíveis as forças de atração que, invisíveis, operam no mundo.



Apoio: ifa (Institut für Auslandsbeziehungen)

  1. Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
  2. Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
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