Tony Cokes

Vista da obras [view of the artworks] de [by] Tony Cokes, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obras [view of the artworks] de [by] Tony Cokes, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obras [view of the artworks] de [by] Tony Cokes, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obras [view of the artworks] de [by] Tony Cokes, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obras [view of the artworks] de [by] Tony Cokes, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obras [view of the artworks] de [by] Tony Cokes, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obras [view of the artworks] de [by] Tony Cokes, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da obras [view of the artworks] de [by] Tony Cokes, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

A grande maioria das obras produzidas por Tony Cokes (1956, Virginia, EUA) na última década consiste em vídeos nos quais textos são apresentados sobre um fundo monocromático ou abstrato e acompanhados por música, geralmente do universo ampliado do pop. Em muitos casos, os textos analisam e contextualizam a própria música ou o gênero musical ao qual pertence, entrelaçando as considerações mais ligadas à história da música com outras de ordem mais ampla, nas quais convergem os âmbitos cultural, político, racial e social. Em outros casos, como na série Evil (2001-presente), Cokes aborda a presença do conceito de mal na sociedade contemporânea. O artista justapõe enunciados provenientes de fontes distintas (de falas de líderes políticos a esquetes humorísticos de comédia stand-up, passando por letras de música pop e até textos acadêmicos) buscando tensionar a maneira pela qual a mídia nivela discursos, embaralha a produção de sentido e confere visibilidade ou torna invisíveis determinados eventos e linguagens. 

O trabalho Evil 27: Selma (2011), por exemplo, pode ser lido como uma reflexão sobre tais regimes de visibilidade e silenciamento. O ponto de partida do trabalho é um evento histórico: o boicote ao ônibus Montgomery, um dos marcos do grande movimento para os direitos civis nos Estados Unidos em meados dos anos 1950, originado pela recusa de uma jovem afro-americana, Rosa Parks, a ceder seu lugar no ônibus a um homem branco. No vídeo, Cokes apresenta o texto On Non-Visibility [Sobre a não visibilidade], do coletivo Our Literal Speed (O.L.S.), que argumenta que o episódio gerou enorme comoção e conseguiu mobilizar milhões de pessoas porque não havia imagens do momento em que Parks recusou-se a ceder seu assento e acabou sendo presa. “Muito provavelmente – conclui O.L.S. –, a não-visibilidade produzirá a visibilidade mais revolucionária de todas, e a gente não vai vê-la chegando”. Essas palavras ressoam ainda mais fortemente num período histórico como o que nós vivemos – marcado pela luta pela visibilização e pelo fim de violências estruturais históricas – e na prática de um artista que, de maneira consciente e metódica, abre mão da imagem para enfatizar a força da mensagem. 

  1. Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
  2. Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
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