Eleonore Koch (1926, Berlim, Alemanha – 2018, São Paulo, SP) orientou sua obra e vida pelo entendimento de que a arte é um ofício singular, alimentado por uma dedicação continuada. Decidiu refutar as convenções de gênero e matrimônio em sua época e meio social – mantendo assim certa autonomia para o estudo e a prática artística. Sua formação contou com visitas constantes a ateliês de artistas mais experientes, dentre os quais os de Yolanda Mohalyi, Bruno Giorgi e Alfredo Volpi. Às conversas com Volpi, atribuiu sua adoção da pintura à base de têmpera e a intensificação de suas reflexões sobre o uso das cores.
A obra pictórica que construiu a partir da década de 1960 também é um exercício de autonomia. Sem assimilar recursos do abstracionismo informal ou dos concretismos do pós-guerra, Koch produziu pinturas figurativas silenciosas, compostas por formas e campos de cor planificados e organizados pela linha do horizonte. Suas naturezas-mortas e paisagens muitas vezes eram construídas por sucessivos estudos que partiam de fotografias ou cartões-postais e buscavam a síntese dos elementos, levada ao ponto em que o espaço entre as formas se tornasse mais dominante que os próprios objetos representados. Dedicava-se então a atribuir cores aos planos e formas, compondo cenas evocativas de sensações, ainda que despidas de figuras humanas, narrativas ou quaisquer indícios da passagem do tempo.
Apesar de ter participado de exposições importantes (entre elas, quatro edições da Bienal de São Paulo), Koch ainda não é universalmente considerada, como mereceria, entre as artistas brasileiras mais importantes da segunda metade do século passado.
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Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
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Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).