Zina Saro-Wiwa

Vista das obras [view of the artworks] de [by] Zina Saro-Wiwa na [at the] 34th Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista das obras [view of the artworks] de [by] Zina Saro-Wiwa na [at the] 34th Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
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Vista das obras [view of the artworks] de [by] Zina Saro-Wiwa na [at the] 34th Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
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Vista das obras [view of the artworks] de [by] Zina Saro-Wiwa na [at the] 34th Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista das obras [view of the artworks] de [by] Zina Saro-Wiwa na [at the] 34th Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

O trabalho de Zina Saro-Wiwa (1976, Port Harcourt, Nigéria) expande o modo como entendemos as questões ambientais e as relações interculturais. A artista cresceu no Reino Unido, onde trabalhou como jornalista até se mudar para Nova York. Lá, buscando formas de contar histórias mais livres e indefinidas do que no jornalismo, iniciou seu trabalho artístico. Paralelamente, ela começou a atuar na região do Delta do Níger, na Nigéria, onde fundou em 2014 a galeria Boys’ Quarters Project Space. Hoje residente na Califórnia, a artista tem uma prática centrada na produção de vídeos, mas que abrange também curadorias e trabalhos com fotografia, escultura, som e comida. Ela define sua produção como um “mapeamento de paisagens emocionais”, que envolve desde suas experiências pessoais até a análise de variáveis históricas e conceituais, resultando em obras com narrativas condensadas, permeáveis a modos de conhecimento não-verbais, que extrapolam as convenções do discurso acadêmico.  

No vídeo Phyllis (2010), por exemplo, Saro-Wiwa mobiliza as modalidades de produção de Nollywood (apelido da indústria cinematográfica nigeriana) para construir a história de uma personagem que é obcecada pelos filmes dessa indústria. A justaposição da solidão da personagem com as convenções de gênero e emotividade que a afetam provoca um curto-circuito psicológico, que se expressa por meio de simbolismos, gestos e fantasias. Já em Worrying the Mask [Temendo a máscara] (2020), a artista apresenta uma aula-performance em forma de vídeo, usando sua exposição de obras de Promise Lagiri – um escultor Ogoni que produz máscaras e estatuetas contemporâneas – no Boys' Quarters Project Space como ponto de partida para uma reflexão sobre as disputas de poder subjacentes aos critérios de autenticidade, valor e identidade da arte africana. Ao mesmo tempo em que situa a urgência desse debate no contexto das recentes campanhas de restituição de obras africanas para o continente, Saro-Wiwa procura se manter conectada a poderes e sentidos ligados à origem desses objetos, usualmente expurgados pela narrativa ocidental que os cataloga e expõe. Se as narrativas hegemônicas identificam a arte do continente com “pureza” e “ingenuidade”, inferindo valores em obras que são “antigas” e “anônimas”, relegando assim a produção contemporânea a um limbo, para Saro-Wiwa é fundamental produzir narrativas comprometidas em reconhecer as intenções e agências de seus autores, sejam eles ancestrais ou contemporâneos. E também libertar os poderes narrativos dos objetos.



  1. Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
  2. Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
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