Daniel de Paula

Vista da instalação [view of the installation] <i>deposition</i> [deposição] (2018‑), de [by] Daniel de Paula, Marissa Lee Benedict e [and] David Rueter, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da instalação [view of the installation] deposition [deposição] (2018‑), de [by] Daniel de Paula, Marissa Lee Benedict e [and] David Rueter, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da instalação [view of the installation] <i>deposition</i> [deposição] (2018‑), de [by] Daniel de Paula, Marissa Lee Benedict e [and] David Rueter, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da instalação [view of the installation] deposition [deposição] (2018‑), de [by] Daniel de Paula, Marissa Lee Benedict e [and] David Rueter, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da instalação [view of the installation] <i>deposition</i> [deposição] (2018‑), de [by] Daniel de Paula, Marissa Lee Benedict e [and] David Rueter, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da instalação [view of the installation] deposition [deposição] (2018‑), de [by] Daniel de Paula, Marissa Lee Benedict e [and] David Rueter, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da instalação [view of the installation] <i>deposition</i> [deposição] (2018‑), de [by] Daniel de Paula, Marissa Lee Benedict e [and] David Rueter, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da instalação [view of the installation] deposition [deposição] (2018‑), de [by] Daniel de Paula, Marissa Lee Benedict e [and] David Rueter, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da instalação [view of the installation] <i>deposition</i> [deposição] (2018‑), de [by] Daniel de Paula, Marissa Lee Benedict e [and] David Rueter, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista da instalação [view of the installation] deposition [deposição] (2018‑), de [by] Daniel de Paula, Marissa Lee Benedict e [and] David Rueter, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista do video-negociação [view of the video-negotiation] <i>circulação</i> [circulation] (2019), de [by] Daniela de Paula, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista do video-negociação [view of the video-negotiation] circulação [circulation] (2019), de [by] Daniela de Paula, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista do video-negociação [view of the video-negotiation] <i>circulação</i> [circulation] (2019), de [by] Daniela de Paula, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista do video-negociação [view of the video-negotiation] circulação [circulation] (2019), de [by] Daniela de Paula, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Um dos eixos centrais do trabalho de Daniel de Paula (1987, Boston, EUA) é o constante processo de releitura e confrontação quase física com as referências e os modelos que o inspiram, e principalmente com os artistas ligados às práticas conceituais, minimalistas e da land art dos anos 1960 e 1970. Um dos primeiros trabalhos maduros de Daniel de Paula – untitled (to Charlotte Posenenske) [sem título (para Charlotte Posenenske)], 2014 –, por exemplo, consiste na tradução e disponibilização ao público do manifesto publicado por Charlotte Posenenske em 1968 na Art International VII/5. Nele, poucos meses antes de deixar definitivamente de produzir arte, a artista alemã afirmava: “É difícil, para mim, aceitar o fato de que a arte não pode contribuir em nada para resolver problemas sociais urgentes”. De Paula também se questiona profundamente sobre a efetiva função social e política da arte, e a homenagem a uma figura tão radical e imprescindível nessa discussão é, evidentemente, sintomática. 

Outro ponto nevrálgico da sua prática é a negociação entre as referências históricas e as exigências e as peculiaridades de uma obra extremamente focada no momento atual, principalmente se considerarmos que a negociação (com esferas acadêmicas, políticas, sociais, industriais ou burocráticas, dependendo do contexto e das especificidades de cada projeto) é chave para a realização do trabalho, ao ponto de ser frequentemente incluída pelo artista na descrição da obra, entre os elementos que a compõem. testemunho (2015) é uma das obras de Daniel de Paula em que essas questões estão colocadas da maneira mais direta e clara. A disposição rigorosa e precisa dos testemunhos (amostras obtidas através de perfuração em distintas profundidades com a finalidade de catalogar o tipo de subsolo e dimensionar as fundações mais indicadas para servir de base para uma construção) poderia lembrar algumas instalações de Walter de Maria, como o Broken Kilometer [Quilômetro quebrado] (1979), mas a origem das amostras revela implicações políticas muito distantes da poética tautológica e fechada em si mesma dos minimalistas estadunidenses. As grandes construtoras que, vencidos os prazos legais obrigatórios de conservação, cederam ao artista as amostras, são as mesmas que, nos últimos anos, foram exaustivamente citadas em denúncias de grandes esquemas de corrupção que abalaram o país. Os testemunhos que o artista nos apresenta, nesse sentido, são tanto objetos artísticos quanto provas contundentes, evidências irrefutáveis da perversa operação de destruição do território nacional e do fracasso da utopia de um país mais justo e democrático. 

Em 2018, Daniel de Paula, Marissa Lee Benedict e David Rueter conseguiram resgatar da Chicago Board of Trade um “trading pit” [roda de negociação] utilizado ao longo de décadas na negociação de grãos. O dispositivo seria descartado pela empresa como parte de sua passagem definitiva às transações digitais. Deposição (2020), o trabalho resultante, apresentado pela primeira vez na 34ª Bienal de São Paulo, é ao mesmo tempo uma espécie de antimonumento e uma plataforma para encontros públicos de várias naturezas, concebidos para discutir e enfatizar a atmosfera de reunião e confronto que a própria estrutura instaura. Os artistas preveem para o pit um ciclo de aparições em instituições culturais ao longo dos próximos anos, com o intuito de instigar discussões balizadas pelas distintas visões políticas, sociais, artísticas e filosóficas que o objeto pode simbolizar.



Apoio: Graham Foundation for the Advanced Studies in Fine Arts, Resource Center (Chicago, IL) e University of Oregon 

  1. Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
  2. Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
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