Noa Eshkol (1924, Palestina – 2007, Israel) foi artista, coreógrafa, dançarina e professora. Na década de 1950, juntamente com o arquiteto Avraham Wachman, Eshkol desenvolveu um sistema de notação do movimento (Eshkol Wachman Movement Notation – EWMN) que, através de uma combinação de símbolos e números, permite anotar os movimentos do corpo e organizá-los em categorias, passíveis de análise e repetição. A partir desses estudos, Eshkol desenvolveu diversas coreografias nas quais, sem depender de acompanhamento musical e de figurino, a dança se torna um processo de interação entre corpos no espaço e uma atividade comunitária. Dessa forma, o EWMN ultrapassa o campo da dança e passa a ser uma ferramenta para observar a relação de qualquer corpo com seu entorno, podendo ser aplicado em diversas áreas, incluindo estudos de linguagem e de comportamento.
Em 1973, durante a Guerra do Yom Kippur, Eshkol parou de dançar e iniciou a produção de seus Wall Carpets [tapetes de parede]. O trabalho era realizado apenas com materiais utilizados, nunca comprados: a artista coletava trapos e roupas descartadas, e os tapetes eram costurados junto com seus dançarinos. Essas composições variam entre abstrações e naturezas-mortas. Em The House of Bernarda Alba (Virgin) (1978), por exemplo, um arranjo de cores claras circunda um quadrado de tecido verde. O título alude à peça homônima de Federico García Lorca, na qual há crescentes tensões entre uma mãe controladora e suas cinco filhas. O quadrado representa, na composição, uma espécie de janela, sugerindo uma possibilidade de fuga das restrições vividas em casa.
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Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
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Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).