Desde 2008, as ruas têm sido o espaço primordial para Eleonora Fabião (1968, Rio de Janeiro, RJ), pois é de onde nascem e para onde convergem muitas de suas ações. Na maior parte das vezes, ela inicia essas ações após definir um conjunto de notações – que ela chama de programas – para um território determinado. Por exemplo, em Ação carioca #1: converso sobre qualquer assunto (2008), realizou performances nas ruas do centro do Rio de Janeiro orientada pelas seguintes linhas: “Sentar numa cadeira, pés descalços, diante de outra cadeira vazia (cadeiras da minha cozinha). Escrever numa grande folha de papel: 'converso sobre qualquer assunto'. Exibir o chamado e esperar”.
Justamente por serem claros, precisos e simples, seus programas podem ser cumpridos fielmente, criando oportunidade para o acontecimento intenso de tudo que a artista não pode e nem deseja predeterminar – a infinita variabilidade da vida e dos encontros no espaço público. Nos últimos anos, além da unidade “artista” e da variável “cidadãos”, as ações de Fabião têm contado com a cumplicidade de “colaboradorxs” previamente convidados a partilhar algumas etapas das ações. Simultaneamente, suas proposições têm se debruçado sobre possibilidades de mediação e atravessamento entre contextos públicos diversos. Assim, as ações de Fabião são vividas como exercícios coletivos que fazem vibrar propriedades visíveis e invisíveis dos lugares, dos objetos, das pessoas e dos caminhos.
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Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
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Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).