Lasar Segall (1889, Lituânia – 1957, São Paulo, SP) nasceu em 1889, em Vílnius, capital da Lituânia. Viveu na Alemanha entre 1906 e 1923, onde realizou seus estudos acadêmicos. Após romper com os preceitos clássicos, familiarizou-se com o impressionismo e com o aspecto construtivo da pincelada de Paul Cézanne. Tendo conhecido a miséria social desde sua infância, Segall vinculou-se em 1914 ao expressionismo, aliando experimentação formal e o propósito humanista de retratar sujeitos diretamente impactados pela guerra, pela pobreza e pelo exílio – ambos esses compromissos se mantiveram constantes em toda a sua trajetória, a despeito das mudanças de contexto e abordagem estética. Tendo realizado a primeira exposição de viés modernista na cidade de São Paulo em 1913, Segall mudou-se em definitivo para o Brasil em 1923. Após ter sido praticamente ignorado em sua primeira visita, foi recebido com maior interesse e interlocução em seu retorno, pois encontrou o movimento modernista ligado à Semana de 22 em plena jornada antiacademicista. Em solo tropical, tomou como desafio relacionar sua produção com a flora, a fauna, a sociedade e a luminosidade locais: sua paleta modificou-se com o acréscimo de vermelhos, ocres terrosos e verdes amarelados. Anos depois, durante o holocausto, impôs a si próprio o imperativo ético de refletir a barbárie e mergulhou em um cromatismo de baixa saturação.
Dentre suas últimas obras, destaca-se a série das Florestas, obtidas pela densa justaposição de faixas verticais ritmadas. Nelas, raramente há indicação do céu, de folhas ou do solo. O recorte pictórico coloca-se no nível dos troncos esquematizados e cabe à gama de cores evocar o aspecto naturalista de cada cena. Tampouco há, como houve nas obras que Segall produziu ao chegar ao Brasil, signos que explicitem o caráter tropical dessas florestas – elas parecem combinar o aspecto de preenchimento e impermeabilidade encontrado nos trópicos com temperaturas cromáticas e reminiscências atmosféricas das florestas europeias que Segall representou em sua juventude, talvez reavivadas pela paisagem de Campos de Jordão, onde adentrava as florestas e matas para desenhar e pintar.
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Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
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Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).