Lygia Pape

Vista das obras de [view of the artworks by] Lygia Pape na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
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Vista das obras de [view of the artworks by] Lygia Pape na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Lygia Pape (1927, Nova Friburgo, RJ, Brasil–2004, Rio de Janeiro, RJ) é uma artista-chave da geração que expandiu o campo experimental da arte na segunda metade do século 20. Tendo participado do Grupo Frente e do Movimento Neoconcreto, ela aprofundou sua relação direta com o real a partir de finais da década de 1960. Com o mote “Espaço poético – qualquer linguagem a serviço do ético”, Pape discutiu as contradições da sociedade brasileira que, em sua polifonia, converge precariedade e vivacidade. Parte de sua aproximação à realidade social implicou a revisão crítica da proposição antropofágica da geração modernista da década de 1920. A dupla deglutição que digeriria simultaneamente o vanguardismo cosmopolita e as culturas autóctones foi discutida em sua dissertação Catiti-Catiti, na terra dos brasis (1980) e a fez repensar o próprio contexto metropolitano carioca.

Pape parece ter percebido que a presença original das práticas antropofágicas registradas pelos colonizadores – a cultura indígena tupinambá – transformara-se em uma incômoda falta contemporânea, uma vez que ela já não se dava a ver na ocupação da Baía da Guanabara, senão por alguma impalpável reminiscência identitária. Essa presença-ausência foi abordada em obras feitas pela artista entre o final dos anos 1990 e o começo dos anos 2000 utilizando o vermelho vivo das penas do pássaro guará, originalmente empregadas pelos Tupinambá em seus mantos rituais (cujos exemplares remanescentes encontram-se em acervos europeus). Antes disso, Pape já havia realizado os conjuntos de trabalhos O olho do guará (c. 1980) e Amazoninos (c. 1990); os primeiros combinando linhas de neon com padronagens que remetem à fauna presente em mitologias ameríndias, e os segundos com arranjos de chapas de ferro com tintas metalizadas que equilibram pesos e flexões em abstrações carregadas de evocações da flora amazônica. Reunidas, obras desses conjuntos revelam-se como fantasmagorias que convergem o experimentalismo de Pape com cicatrizes do genocídio colonial.

  1. Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
  2. Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
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