Jota Mombaça (1991, Natal, RN) define-se como “bicha não binária, nascida e criada no nordeste do Brasil”. Jota pesquisa as relações entre humanidade e monstruosidade, investiga a pertinência do queer como categoria no contexto brasileiro e tensiona a constituição de subjetividades e marginalidades nos centros e periferias do capitalismo. Em suas performances e escritos, seu corpo desafia a branquitude heterossexual cisgênero e masculina que se impõe como norma universal. Jota expõe as violentas políticas de morte e de invisibilidade às quais foram submetidos os corpos racializados ao longo da história colonial, que perduram atualmente sob a ficção da democracia racial.
Na performance A gente combinamos de não morrer (2018 - ), título inspirado em conto homônimo de Conceição Evaristo, Mombaça constrói facas artesanais rudimentares com materiais precários como galhos, cacos de vidro e barbante vermelho. O trabalho expõe a violência e a constante iminência do perigo aos quais estão submetidos os corpos que fogem à norma e sua necessidade de encontrar formas de resposta e resistência. Para Mombaça, “o futuro é um privilégio para poucos”, de modo que é necessário criar outras táticas de sobrevivência.
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Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
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Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).