Adrián Balseca

Vista do vídeo [view of the video] <i>Medio Camino</i> [A meio caminho] (2014), de [by] Adrián Balseca, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista do vídeo [view of the video] Medio Camino [A meio caminho] (2014), de [by] Adrián Balseca, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista do vídeo [view of the video] <i>Medio Camino</i> [A meio caminho] (2014), de [by] Adrián Balseca, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Vista do vídeo [view of the video] Medio Camino [A meio caminho] (2014), de [by] Adrián Balseca, na [at the] 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Mesmo tendo utilizado com certa frequência a fotografia e a instalação, Adrián Balseca (1989, Quito, Equador) privilegia a imagem em movimento, associada ou não à apresentação no espaço expositivo dos elementos que protagonizam seus vídeos ou filmes, que nesse sentido podem ser considerados quase registros de ações performáticas. Em seu trabalho, Balseca aborda frequentemente questões bastante específicas do contexto equatoriano e da história recente do país, mas que de certa forma são também comuns a todo o continente latino-americano. O foco principal da sua pesquisa tem se dirigido, nos últimos anos, para as dinâmicas extrativistas e seus impactos ecológicos, assuntos centrais na política de vários países do continente nas últimas décadas, inclusive do Brasil, e cujos resultados são visíveis e dramaticamente conhecidos. Um dos trabalhos mais poéticos nesse sentido é Grabador fantasma [Gravador fantasma] (2018), em que as preocupações de Balseca com a crise ecológica do Equador e do planeta se tornam mais nítidas, buscando inclusive transpor o âmbito da arte. O ponto de partida do trabalho é uma canoa movida a energia solar, desenvolvida por Kara Solar, ONG na qual engenheiros e líderes comunitários da nacionalidade Achuar do Equador colaboram para proporcionar um sistema alternativo de mobilidade fluvial. O modelo de canoa concebido por Balseca enfatiza a necessidade de escutar os ensinamentos da floresta e, sem levar passageiros, segue sozinha rio adentro, gravando os sons da selva equatoriana.

Com suas obras, Balseca vem pouco a pouco construindo um índice, incompleto e programaticamente aberto, de símbolos e metáforas de ecossistemas específicos da região, tanto naturais (a Amazônia, a áspera paisagem andina ou o contexto único das ilhas Galápagos, entre outros) quanto sociopolíticos, a partir de episódios e objetos, principalmente industriais, que sintetizam o fracasso das tentativas de modernização do país e, metonimicamente, do continente. Para Medio camino [No meio do caminho] (2014), Balseca pesquisou a história do primeiro carro produzido no Equador, o Andino, fruto da colaboração da companhia equatoriana Aymesa com a General Motors, no âmbito do programa BTV (Basic Transportation Vehicle) para países em desenvolvimento, na época do vertiginoso aumento do preço do petróleo, nos anos 1970. O vídeo é um registro da ação realizada pelo artista, que retirou o tanque de um Andino e percorreu com ele os 437 quilômetros que separam as cidades de Quito e Cuenca sem gasolina, contando apenas com a ajuda espontânea das pessoas encontradas no caminho.


O artista conversou com o público da Oficina Cultural Oswald de Andrade no dia 12 de outubro de 2019. Confira:



Apoio: PCAI – Polyeco Contemporary Art Initiative

  1. Caroline A. Jones, Eyesight Alone: Clement Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
  2. Greenberg’s Modernism and the Bureaucratization of the Senses (Chicago: University of Chicago Press, 2005).
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